Poema do Verão
Despertar.
Boca seca,
corpo colado à cama,
um braço dormente procura o copo de água.
Seca esposa que bebe e não o enche.
O membro moribundo atira-o ao chão.
Mil pedaços como confettis,
seriam mais fáceis de aspirar,
mas a alcatifa estava velha.
Deserto na boca,
estala o cabedal da língua
abrem-se fendas como terramotos.
Engulo o calor que arde por um oceano.
Na barriga um rio a mão encontra,
tanta água de fortes correntes e algas finas.
Rio salgado são dedos na boca.
Olhos fechados, não há companhia,
apenas vergonha.
Despertar.
Boca seca,
corpo colado à cama.
Super Bock, ligar os motores,
daqui a pouco canta o galo.